Caderno “Por uma Educação Antirracista” é Lançado no Pará
No dia 24 de abril foi lançado, em Marabá, o caderno pedagógico “Por uma educação antirracista”, como parte do projeto Trilhos da Alfabetização, iniciativa da Fundação Vale que busca contribuir com a alfabetização de qualidade. O material será distribuído para mais de mil educadores da rede pública de oito municípios do sudeste do Pará, com o objetivo de fornecer uma ferramenta eficaz no combate ao racismo e na promoção da valorização da história e cultura afro-brasileira.
Com uma população em que 79,64% se autodeclaram negra (pretos ou pardos), o Pará possui o maior percentual entre os estados da região Norte e o segundo maior do Brasil, ficando atrás apenas da Bahia, de acordo com o Censo 2022 do IBGE. Nesse sentido, o caderno pedagógico busca incluir temas relevantes para a formação de uma educação representativa e antirracista desde os primeiros anos de ensino.
O lançamento do caderno ocorreu durante o seminário “Por uma Educação Antirracista”, realizado no auditório da Unifesspa, em Marabá. O evento reuniu pesquisadores, professores e representantes das prefeituras e secretarias de educação dos municípios de Marabá, Parauapebas, Bom Jesus do Tocantins, Canaã dos Carajás, Curionópolis, Eldorado dos Carajás, Ourilândia do Norte e Tucumã.
Durante o seminário, Monica Lima, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou a importância de uma educação antirracista desde a infância como forma de desconstruir o racismo. Segundo ela, a sala de aula é o primeiro campo de batalha nessa luta.
O caderno pedagógico aborda diversos temas, incluindo a história do racismo e das crianças negras nas escolas, além de conceitos como racismo estrutural e colorismo. Também apresenta maneiras de valorizar os saberes afro-brasileiros em diferentes disciplinas, por meio de narrativas que permitam que as crianças negras se identifiquem e se sintam representadas.
Renato Noguera, professor da UFRJ e envolvido na concepção e supervisão do material, ressaltou o poder das narrativas em transformar comportamentos e a forma como as pessoas se enxergam. Ele destacou que a geometria e grande parte do conhecimento matemático tiveram origem na África, mais especificamente no Antigo Egito, e que essa narrativa é importante para qualificar os debates nas escolas e valorizar saberes e culturas.
Além do caderno pedagógico, o projeto Trilhos da Alfabetização inclui a formação continuada dos professores do 1º ao 3º ano do ensino fundamental das escolas públicas dos municípios participantes, além da elaboração e doação de materiais didáticos complementares e jogos pedagógicos, com o objetivo de tornar o aprendizado mais interessante, divertido e eficaz.
A iniciativa teve início em 2022, no Pará, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), as prefeituras dos oito municípios envolvidos e com investimentos complementares da Wheaton Precious e do BNDES por meio do seu Fundo Socioambiental. O objetivo é fortalecer políticas públicas que aprimorem o processo de alfabetização e melhorem os indicadores de aprendizagem nos municípios participantes.